O DEUS LAROUCO

A SERRA DO LAROUCO

Do planalto barrosão, a nordeste da vila de Montalegre, sobressai o espigão de uma serra que no outono é escura e ameaçadora, no inverno é branca, na primavera verde e no verão garrida. É a serra do Larouco, cuja altitude máxima atinge os 1527 metros acima do nível do mar. Está disposta na direcção norte/sul, atravessando a fronteira e prolongando-se para terras da Galiza, com um comprimento de cerca de 10 quilómetros. Chega-se lá de duas formas!... De automóvel ou de qualquer outro tipo de transporte, partindo de Montalegre pela estrada de Vilar de Perdizes, que depois se deixa na direcção de Padornelos. Daqui, toma-se a estrada de Sendim e do antigo posto fronteiriço, cuja estrada se deixa para a direita, na direcção da pendente ocidental da serra. Toda a estrada é pavimentada até ao topo e através dela pode observar-se um panorama imenso que daqui se avista, consoante se vai subindo e que se apresenta como um verdadeiro hino à natureza.

Para efectuar a subida a  pé, parte-se de Montalegre, pela estrada até Vilar de Perdizes, e após passar a aldeia de Meixedo, corta-se à esquerda para a aldeia de Gralhas. A norte da aldeia termina a estrada pavimentada e a partir daí, o acesso só é viável a pé através de estradões, ou utilizando tractores ou motos, até uma zona muito próxima do topo, conhecida por Fonte da Pipa, onde os caminhos se cruzam com a estrada principal. Trata-se como já se afirmou, de um planalto a cerca de 1527 metros de altitude, que no inverno e na primavera está sempre bastante molhado, por reter as águas pluviais. Um pouco mais abaixo, na encosta poente da serra, com esta água começa a formar-se o rio Cávado. A 1525 metros de aItitude num "plateau" rochoso, está um marco geodésico, de onde o panorama é fabuloso. Avista-se todo o Barroso, o Alto Tâmega e o Gerês, como se fossem vistos de avião.
A historiografia galaica diz que no cimo do Larouco havia, há dois mil anos, um templo a Júpiter. Arqueólogos da região raiana, de ambos os lados da fronteira, apoiados por populares, têm feito nos últimos anos, no verão, réplicas das festas pagãs que havia outrora. À serra chamavam os romanos Monte Ladiço. Nas suas encostas foi colocada na Idade Média uma atalaia, que mais tarde se transformou em castelo, dividindo inicialmente as dioceses de Braga e Lugo e, depois, Portugal da Galiza.